Memórias

 Finalmente depois de uma gestação,  parto, 10 meses de maternidade sozinha, com a visita conturbada da minha irma mais velha, minha mae chegou para conhecer o bebe e me auxiliar. Que pena que com ela vem toda a sua bagagem e as piores memorias que tenho da nossa convivencia.

Queria só a parte boa.

Hoje a manhã ja começou com uma confusão sem fim, por causa da droga de um pano de prato.

Ela já chegou se espalhando, falando demais, fazendo de menos,  me comparando com a tal irmã. Os anos mais felizes da minha vida foram todos esses que passei longe da minha família. 

Meu irmao que tem sangue de barata não finge que nada eh com ele e segue.

Eu, tudo me abala e eu sou uma pessoa extremamente mal resolvida e tenho vergonha por tudo que fui obrigada a ver e viver com meus pais.

Nao quero criar minha crianca com palavrões,  brigas,  ofensas. Quero que ela tenha a paz que eu nunca tive, pais unidos pelo seu bem  - ainda que nao moremos juntos - carinho, segurança,  confiança, realização.  Quero estar presente em todos os momentos da vida dela, sem desculpa. E quero que ela se orgulhe de mim.

Quero ser uma mãe sábia,  pacífica e encorajadora. Quero escutar minha filha,  protegê-la,  defendê-la, dar muito amor e carinho. Quero ser o sol para ela. Que Deus dissipe minhas sombras, que tudo negativo que ha em mim em mim se dissipe e que minha filha só herde o melhor, o bem, a paz, a garra e que ela saiba dizer não quando  for necessário e a quem quer que seja.

E a vida?

 A vida é bela.

Andei recaindo na depressão. Como disse, fiquei muito só ao engravidar: o pai da minha filha é eslovaco e voltou para casa mais ou menos um mês depois de eu descobrir a gravidez. Essa gravidez me gelou.  Eu gelei quando o vi no Tinder. Ah essa minha intuição.

Desde então, o que passei foi uma epopeia.

Tive dúvidas de seguir com a gravidez sim. Não por conta da criança, que como eu sempre soube, é LINDA, UM PRESENTE DE DEUS, MARAVILHOSA, a mamae ama muito. Mas justamente por não ser estável mentalmente, por não ter um relacionamento com o pai dela, enfim, medo de por minha causa fazer essa criança sofrer.

Mas segui adiante. Eu sabia que seguiria. O pai dela disse que ajudaria, porém inventou uma confusão qualquer e sumiu no mundo. Nunca mandou um centavo, nunca me perguntou como eu estava. Eu insisti, fui atrás dele no couchsurfing e agora ele diz que irá vir registrar a menina. Estamos no meio de uma pandemia sinistra, ele alega estar sem dinheiro. Eu não sei. Eu confio apenas em Deus.  Se ele a registrar ótimo, é a sua obrigação. Como eh sua obrigação, inclusive, sustentar a criança. Mas se não, esse já eh o desfecho esperado.  Não confio em ninguém. 

Já precavida, preciso encontrar um modo de sustentar minha filha decentemente.  Eu estou com meu orçamento bastante comprometido por conta dos consignados que fiz, sem critério, ao mudar de cidade. Agora preciso honrar e ao mesmo tempo:

1 - pagar escola 

2 - material escolar

3 - alimentação 

4 - vestuário e calçados 

5 - plano de saúde 

Graças a Deus eu ganho razoavelmente bem. Porém minha filha chegou num momento de desorganização total financeira minha.  Por isso meu desespero: tem que dar certo, mas  não sei como fazer.

O pai dela prometeu ajuda. Nada.

Minha mãe disse que cuida dela, mas não gostaria de criar essa obrigação para minha mãe, que já nos criou e tem a vida dela em outra cidade.

Eu tenho que me virar mais uma vez. Deus me ajude! Dessa vez não se trata de mim, se trata de um tesouro lindo que Deus me confiou e que eu pretendo honrar dignamente.

Enfim, estou angustiada e deprimida. 

Preciso criar forças e emagrecer, me cuidar  e cuidar da baby. 

Não sei como, mas vai dar tudo certo. Seguro nessa mãozinha linda e me sinto poderosa. SIMBORA!

O tempo passou

 ... O tempo passou voando. Eu continuo morando perto da praia.

Me separei do meu namorado lindo de viver, meu viking. 

Me envolvi com pessoas que não valeram a pena, outras que eu quis ficar para sempre.

Engravidei de um estrangeiro. Agora sou mãe de uma garotinha fantástica , de olhos azuis. O pai dela é uma pedra de gelo, não ajudou em nada, me deixou só em meio à pandemia e nesta gravidez. Ela compensa toda aflição, pois é linda de viver. Estou apaixonada pela minha filha, eu a amo cada dia que passa mais e mais. É uma aventura ser mãe mas não me vejo sem ela.

Fiz 36 anos. Estou acima do peso. Vou comprar uma balança. Quero  -  e vou- pesar 62kgs. Estou amamentando, dádiva divina. Assim que parar faço dieta. Estou de bem com meu corpo. Eh um corpo de mamãe.  Mãe que nutre.

Meus sonhos continuam aqui. Quero morar de frente para o mar, ver minha filha crescer linda, saudável, ser uma mãe presente e amorosa. Quero trabalhar 6h por dia. Quero cuidar de mim e da minha família.

Quanto à vida amorosa, estou fechada para balanço por tempo indeterminado.  Confesso que eu esperava um romance com o genitor  da minha criança. Porém ele é uma pedra de gelo. Esperançosa de que ele assuma pelo menos o papel e as obrigações de pai. Minha filha merece os melhores pais do mundo. Estou me esforçando para ser excelente mãe. 

A vida é ela. 

Somos uma família agora.

Poréns

Então, eu tenho um namorado.
Mas não sei se ele é meu namorado.
Depois de um casamento devastador, arrumar um namorado como ele é complicado de dizer se é benção ou se é karma.
Lindo, lindo de viver, de morrer de amores, de morrer de tesão.
Mora longe bagarai.
Com ele aprendi a gozar, me soltei (não 100%, vai levar uma vida) na cama, fiz coisas inimagináveis, tipo, imagina aí.
Mas é complicado.
Problematiza demais.
Não curte as coisas simples.
Estou com esse apego doentio que me fez me ferrar da outra vez.
Não quero abrir mão, vejo coisa boa, linda nele. Mas vejo também esse lado sombrio que é inacreditável, inconcebível, é muito putaquiupariumente foda pra eu acreditar.
Equilíbrio, preciso de equilíbrio.
Ou prefiro ficar só.

Changes

Eu não estou/ sou mais casada. Meu casamento foi uma página dolorosa da minha vida que eu fiz questão de arrancar e queimar. Sim, sofri em muitos sentidos.
O mais sordido deles, revelo agora, o cidadão não me tocava. E me torturava colocando a culpa em mim.
Por fumar demais, por ter uma vida totalmente desregrada, poderia apontar que esse era o motivo, uma disfunção física qualquer. Mas hoje tenho noção de que mais do que isso, havia uma outra razão mais forte e mal resolvida com ele próprio. Me humilhava para sentir-se melhor. E eu achando, na minha parca fé cristã - resquício do catolicismo infanto-juvenil - que ele iria mudar para melhor algum dia e reconhecer meu valor e beleza descomunal.
Só que no auge dos meus passados e ultrapassados 112kgs quem decidiu mudar fui eu. Daquele mato não saia cachorro. O amor que eu tanto busquei, ainda que negasse, a vida inteira, vindo de outro ser humano, nunca esteve ali. Foi dificil, tudo foi dificil, a aceitação, a auto-aceitação, mastigar tanta dor e digerir tanta mágoa, tomar coragem, largar os e se... parar de achar que iria morrer de solidão, foi tudo um processo muito demorado. Mas aconteceu. Se ainda estou em processo, ok. Mas de qualquer forma, o pior de tudo, aquele casamento falso e fracassado é passado.
Ainda tenho que me afirmar enquanto ser humano independente e pensante. Muito de mim ainda quer que o mundo acabe em barranco para eu morrer encostada. Mas grande parte de mim, a maior parte, a phoenix, quer a vastidão do mundo, as boas sensações, a liberdade, a felicidade e quer sim, é competente, para arcar com tudo o que isso implica: responsabilidade, disciplina, fidelidade aos meus sentimentos.
O que estou sentindo agora?
Como quero me sentir?

Eu quero viver.
Eu quero ser saudável e linda!
Quero um corpo de violão e uma pele de seda.
Quero ser rica e feliz.
Não é pecado ser feliz.
Não é pecado desejar o bom da vida.
Acho que pecado é aceitar que o desconforto é nossa cruz e não fazer nada para mudar.
Que Deus me livre da estagnação, de gente chata e invejosa, e cubra minha vida de proteção e felicidade.
Amém!!!

Sigamos em frente.

Como estou hoje?
Divorciada, trabalhando e vivendo. Amando meus gatos. Minha vida! Me amando como a mulher linda e merecedora que sou!
A cada dia tentando ser melhor.
Sem pressões. Tudo flui positivamente.

Eu agora vivo na praia, literalmente!
A praia mais linda e famosa do mundo.
E eu vou ser a diva daquelas areias.
Ah, se vou!

Tanta coisa mudou...
Não estou mais casada com um terceiro. Estou casada comigo mesma.
Me redescobri.
Tomei as decisões mais difíceis da minha vida, que foram as melhores: me separar de um ser que não me respeitou um momento sequer, nem nos momentos iniciais de um relacionamento doente, tampouco no final.
Conheci outras pessoas, e outra pessoa em especial - um ser intergalático, um quebra-cabeça, que me mostrou o que é ejaculação feminina.
Apanhei - literalmente. Parece que aquela musica da fera ferida foi feita pensando em mim:
Escapei com vida!
Tive as roupas e os sonhos rasgados na minha saída. Saí ferida, sufocando meu gemido. E tentando lidar com tudo da forma mais otimista possível - e com doses cavalares de remédio para dormir e ansiolíticos.
Depois, resolvi acordar e enfrentar a operação sem anestesia. Tomar as redeas da minha vida, ser responsável pela minha felicidade.
O que posso dizer eh que nada melhor que isso. Tão bom que as vezes acho que estou em cartase.
Estou.
Epifânica!
Livre.
Comigo mesma.
Solitária sempre estive, mas aquela tal solidão acompanhada nunca mais.
Hoje vivo só, com minhas duas panteras e sou muito feliz! Sou mais feliz do que jamais fui e sei que o melhor está por vir.
Otimista incurável.
Um pouco louca e ressabiada como minhas panterinhas.
Mas gente boa.
Curtindo este momento tão meu.
Me soltem!
Estou solta na vida! Estou viva.
Estou vivendo a minha solidão e descobrindo quem eu sou e o que quero. E o que não quero: me deixar levar ou viver mais ou menos. Quero viver intensamente.
Esta confuso. Essa é minha mente.
Minha ordem é caótica mesmo.
Fim!

Fim nada!!!
Muita coisa ainda vai mudar. Para muito melhor!